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Espumas acústicas são a solução para Estúdios de gravação?

Atualizado: 2 de mar. de 2022

O mercado de materiais acústicos no Brasil se desenvolveu enormemente nos últimos anos, mas ainda é possível perceber que as espumas acústicas são as queridinhas quando o assunto é custo e estúdios de gravação.

O custo de alguns desses materiais realmente é excelente, não podemos negar. Mas espumas precisam ser cuidadosamente analisadas em vários aspectos antes de serem adicionadas em todos os ambientes. Neste artigo vamos focar nas espumas e dialogar sobre a utilização delas em estúdios de gravação, estúdios de ensaio e salas de controle, ou de audição crítica.

Figura 01: Exemplo de espuma acústica aplicada em uma parede.

O que são as espumas acústicas

As espumas acústicas são materiais porosos que podem ser encontrados nos mais variados tipos e tamanhos. As espumas mais comuns encontradas no mercado são as espumas de poliuretano (espuma PU), com um custo baixo mas com uma flamabilidade que pode ameaçar espaços dedicados à concentração de público. Mesmo quando ditas anti-chamas estes materiais não passam nas exigências dos bombeiros. Por esse motivo, espumas de poliuretano jamais devem ser utilizadas em auditórios, igrejas, restaurantes e etc.

Um outro tipo de espuma, um pouco menos comum e com um preço superior com relação à espuma de poliuretano são as espumas feitas a base de melamina. As espumas melamínicas resolvem o problema da flamabilidade, presente nas espumas de poliuretano, mas sua característica de absorção tem pouca variação. São produtos que se comportam de maneira muito parecida com as espumas de poliuretano no que diz respeito ao seu desempenho acústico.

A absorção sonora na espuma acústica ocorre principalmente através do atrito das partículas do ar dentro das cavidades do material poroso. O que acontece é que a onda sonora quando entra em contato com o material poroso (espuma), encontra um elemento que oferece uma certa resistência ao fluxo das partículas do ar. Este constante choque das partículas em movimento com a estrutura do material gera perda de energia e, dessa forma, a absorção.

Figura 02: Retrato de uma espuma em escala microscópica (x35) reproduzido pela empresa 3M

Apesar do mecanismo de absorção em uma espuma ser razoavelmente simples de explicar, é comum que aconteçam várias confusões, principalmente sobre a região de atuação destes materiais, e é exatamente isto que vamos explicar em seguida.


Espuma é tudo que precisa dentro de um estúdio?

Quando falamos em condicionamento acústico de ambientes, ou seja, na qualidade acústica interna destes ambientes, existe uma série de estratégias que podem ser utilizadas para chegar a um bom resultado. Tipicamente, cada ambiente tem o seu objetivo. Em estúdios, o objetivo é criar uma sala cuja acústica não interfira no processo de gravação ou reprodução de uma música adicionando defeitos ou até mesmo exageros que podem ocorrer devido aos modos acústicos ou cancelamentos ocorridos por reflexões indesejadas. Ou seja, queremos criar uma sala neutra ou que realce a gravação de um certo instrumento ou grupo de instrumentos.

Pensando nisso, é importante dizer que o condicionamento acústico não trata apenas de uma região de frequências específicas, mas sim de todo o espectro, desde as frequências mais baixas até as frequências mais altas. Para cada região, um tipo de material tem um desempenho melhor. No caso das espumas acústicas, sua região de atuação restringe-se às altas frequências, região na qual a grande maioria dos materiais comuns tem um bom desempenho, já que são frequências mais fáceis de serem absorvidas. Com isso eu não digo que espumas acústicas são ineficientes, mas que seu papel dentro de um estúdio restringe-se apenas a uma região, ou seja, um estúdio jamais terá uma performance plena utilizando apenas este material. É exatamente aqui onde a maioria das pessoas que planejam fazer um estúdio de gravação profissional ou home studio cometem erros.

Quando pensamos em uma estratégia completa de condicionamento acústico, precisamos ainda pensar nas regiões das baixas frequências e na região das médias frequências. Para isso, outros materiais fazem-se necessários, como os painéis perfurados (ótimos em frequências médias) e os absorvedores de membrana (ótimos em baixas frequências). Só assim conseguimos lidar adequadamente com todo o espectro e evitar a ausência total de graves ou o exagero deles devido aos modos acústicos dentro do ambiente.

E para aqueles que entendem esta necessidade, ainda existem os casos onde acha-se que qualquer material dito como Bass Trap vai resolver todos os problemas em baixas frequências da sala. Materiais deste tipo precisam ser sintonizados para absorver as frequências onde a sala tem problemas e, por isso, devem ser personalizados de acordo com a necessidade de cada ambiente. Entender isso é o primeiro passo para entender que os famosos Bass Traps não podem ser facilmente comprados na internet e utilizados em qualquer ambiente, mas precisam ser desenvolvidos para absorver aquilo que é estritamente necessário.


O que vai acontecer se eu utilizar apenas espumas acúticas em um estúdio?

Se você chegou até aqui, provavelmente já percebeu que uma estratégia baseada unicamente em comprar espumas acústicas não é a estratégia ideal para o seu estúdio de gravação. Mas o que vai acontecer se você ainda insistir em utilizar apenas este material e literalmente cobrir todas as superfícies da sua sala com ele? Bom, isso você vai descobrir nesta parte do artigo.

Como já mencionamos, se você fizer uma rápida inspeção no coeficiente de absorção de uma espuma acústica vai descobrir que esses materiais têm um desempenho bom em altas frequências, mas apenas isso. Nas baixas e médias frequências o material passa a ter um desempenho muito baixo, praticamente não influenciando nestas regiões.

Pensando nisso, o que acontecerá na sua sala caso você utilize apenas este material será uma ausência total de reverberação nas frequências altas e uma reverberação praticamente inalterada nas frequências baixas e médias. A sensação de estar em um ambiente deste tipo é a de escutar um som metalizado e que parece bem longe de ser natural. Ou seja, bem ao contrário do que estabelecemos como objetivo anteriormente, você terá uma sala que estará sim afetando negativamente toda a gravação e reprodução de uma música. Dessa forma, é praticamente impossível gravar ou produzir um material de qualidade profissional dentro de um ambiente deste tipo.


Bônus: Espuma serve para isolamento? Uma das dúvidas mais faladas na internet é a confusão entre soluções para condicionamento e isolamento acústico. Não é difícil encontrar pessoas recomendando nas redes sociais o uso de espumas para problemas de isolamento acústico como o ruído entre ambientes.

É importante aproveitar aqui para falar que o uso destes materiais objetivando o aumento do desempenho de uma parede é um grande erro e não ameniza ou resolve o problema, apenas implica em custos extras que poderiam ter sido utilizados para resolver o problema definitivamente, uma vez que o custo das famosas espumas acústicas muitas vezes não é baixo.


Como conseguir um estúdio com qualidade profissional com um orçamento que cabe no bolso?

O primeiro passo para conseguir um estúdio com qualidade profissional sem gastar com aquilo que não traz resultados palpáveis é possuindo um acompanhamento profissional. Ao contrário do que se pensa, o acompanhamento profissional de um escritório de acústica traz economias ao projeto e evita muitas dores de cabeça. Além do mais, este acompanhamento pode ser personalizado para as suas necessidades, tornando-se assim uma consultoria ou mentoria que se adapta à complexidade do seu projeto e cabe no seu bolso. Então se você não quer mais passar horas pesquisando sobre materiais ou não quer gastar dinheiro a toa, entre em contato com a gente clicando aqui embaixo. Nós retornamos o seu contato imediatamente e fazemos uma cotação de projeto ou consultoria baseada nas suas necessidades!



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