Lucas C. L. Falcão

9 de jan de 20204 min

Uma vida baseada em estudar

Hoje não vamos falar sobre acústica, tampouco vamos falar de áudio ou qualquer outro assunto específico que remeta ao som ou à onda sonora. Hoje eu quero falar com você sobre projeto de vida.

A gente passa a vida inteira escutando das pessoas que precisamos estudar, precisamos nos atualizar, precisamos nos esforçar mais, precisamos ter um diploma, pós-graduação, mestrado, doutorado, pós doc e mais um monte de títulos. Bom, talvez precisamos mesmo, mas eu quero sentar com você pra discutir um outro ponto de vista. Precisar me remete a uma coisa que você forçadamente deve almejar e ser forçado a isso me parece muito mesquinho. Ninguém precisa ser forçado a nada, muito pelo contrário, as pessoas precisam saber a razão delas estarem fazendo isso. A minha vida inteira me falaram que eu precisava estudar pra ser alguém, mas esqueceram de me dizer que apenas estudar não bastaria. Esqueceram de me dizer que eu tinha que ter prazer.

Eu me lembro exatamente do dia que uma chavezinha virou na minha cabeça. Lembro claramente de estar em uma aula e o meu professor estava muito incomodado com o fato das pessoas não se empolgarem com aquilo que elas estavam aprendendo. Não existia vontade de estar ali, não existia identificação com a aula, obviamente que é difícil se identificar com uma aula de arquitetura de computadores, mas não deveria. Digo isso porque ele falou sobre experiências e sobre como ele realmente gostava de aprender tudo aquilo quando era jovem. Sabe o que significa alguém com 50 anos dizer que gostava de estudar arquitetura de computadores quando era jovem? Significa que aquele cara estudava sobre uma coisa que sequer existia próximo a ele, computadores eram apenas uma visão muito distante, uma miragem descrita em livros.

Percebe como isso tudo é muito lúdico? Como pode alguém gostar de estudar? Como pode alguém gostar de estudar sobre uma coisa que ele nunca tinha visto? Passamos nossa vida inteira sendo acionados por gatilhos externos. Estudamos porque nos falam que precisamos, nos esforçamos para estudar para não sermos reprovados, estudamos mais ainda para conseguir uma vaga na universidade e nos esforçamos por 4 ou 5 anos para conseguir um diploma. No final de tudo isso, nada veio de dentro de você, tudo foi na base da ameaça, da recompensa ou da promessa. Depois de tudo isso, o que normalmente acontece com alguém que passou a vida inteira sempre pensando dessa forma é que essa pessoa dificilmente vai sentir prazer em estudar. Essa pessoa internalizou a ideia de que ela precisava estudar por obrigação, que o estudo não era prazeroso e nem poderia ser. Que pessoas que gostavam de estudar não eram pessoas normais e etc.

Precisamos parar de pensar que estudar é uma obrigação, que é chato ou que é cansativo e reencontrar o prazer em aprender. Agora, o gatilho não vem mais dos outros, mas de você mesmo. Você tem que dizer pra si mesmo que existe um prazer em ler, em aprender, em descobrir novas habilidades, resolver grandes desafios, encontrar lógicas que você nunca tinha pensado antes porque só assim vamos começar a estudar da maneira correta. Estudar não é sobre ter um salário melhor, mas sobre ser melhor. É só assim que eu consigo convencer alguém com 60 anos, em pleno auge da sua zona de conforto, próximo à sua aposentadoria, que esta pessoa deveria voltar a estudar. Porque eu não estou tentando convencer ninguém a pular de um precipício, estou te convencendo a estudar como se convidasse essa pessoa para um passeio no parque. Estou te convidando a derrubar as barreiras que te limitam porque sem elas você pode ser uma pessoa muito melhor.

Toda essa linha de raciocínio se encontra muito com uma tendência que está muito em voga hoje em dia: o lifelong learning. O lifelong learning, ou educação continuada, é a ideia de que agora as pessoas não podem mais pensar que o estudo acaba na universidade, na pós, ou no horário comercial. O estudo sequer para com o fim do expediente. Não existe mais vida separada da ideia de aprender, estamos aprendendo o tempo inteiro. E uma vida baseada em estudar para alguém que simplesmente odeia estudar é a morte. Entende agora o que eu quis dizer com tudo isso? O estudar como obrigação é passado, o futuro é ter como propósito de vida a ideia de ser cada vez melhor. Mas isso você só vai conseguir se você realmente sentir prazer em transformar os muros que limitam os seus conhecimentos em verdadeiras ruínas.

Todos os nossos artigos até o momento foram basicamente sobre acústica e eu evitei falar sobre outros temas justamente por acreditar que esse blog e essa página deveriam se ater ao tema principal a que nos propomos. Mas esse ano de 2020 eu quero que seja um ano um pouco diferente. Não posso me denominar educador sem lutar pela educação, principalmente em uma época onde a educação têm perdido espaço. Mas isso nem de perto significa que vamos transformar o nosso blog em uma miscelânea de temas. O artigo de hoje é um ponto fora da curva, é mais uma conversa entre amigos do que um artigo com propósito educacional. Esse artigo é um pouco de mim e espero que neste ano torne-se um pouco de você também.

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